Governo do Estado e UFSC planejam desenvolver nova ferramenta para o enfrentamento da violência contra as mulheres

Fornecer informações estratégicas e qualificadas às forças de segurança, com o objetivo de antecipar potenciais riscos de violência contra mulheres em situação de vulnerabilidade, essa é a proposta de uma ferramenta preditiva digital que começou a ser desenvolvida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SC), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O projeto, apresentado na última sexta-feira, 29, com a participação das Polícias Militar e Civil, visa reforçar a capacidade do Estado na prevenção e na análise antecipada de possíveis ocorrências.
O Secretário da Segurança Pública, Coronel Flávio Graff, explica que um dos grandes entraves para as forças de segurança no combate efetivo aos crimes contra mulheres é a dificuldade de prever a escalada da violência em relações abusivas. Em outras palavras, na maioria das vezes não há como identificar o crime antes que ele aconteça. No entanto, o Secretário destaca que os autores de feminicídio costumam apresentar histórico de agressões, conforme apontam os dados estatísticos.
“Considerando que grande parte desses criminosos têm histórico de comportamento agressivo em suas fichas criminais, a proposta de um modelo preditivo representa um instrumento estratégico para apoiar as autoridades na tomada de decisões assertivas e céleres, fortalecendo as medidas protetivas e otimizando os recursos disponíveis. Trata-se de iniciativa inovadora que visa integrar inteligência artificial e análise de dados à política de segurança pública, com foco na proteção da vítima, na prevenção da reincidência e na mitigação dos danos sociais”, afirmou o secretário.
Como vai funcionar
De acordo com o Diretor de Tecnologia e Inovação da SSP-SC, Everton Wiezbicki, o modelo será construído com base no uso de inteligência artificial aplicada a dados históricos de ocorrências de violência contra mulheres, medidas protetivas, reincidência e desfechos judiciais. Também serão considerados critérios sociocomportamentais, histórico criminal, vínculos familiares e outros indicadores relevantes levantados pela equipe do projeto.
A ideia, segundo Wiezbicki, é que o modelo seja acionado automaticamente sempre que for registrado um boletim de ocorrência de violência contra mulheres, utilizando-o como gatilho para análise de risco e gerando um dossiê analítico da vítima e do suspeito. O sistema fornecerá à autoridade policial o nível de criticidade de um possível agressor com alto potencial ofensivo, indicando a melhor resposta institucional e incluindo recomendações de medidas protetivas mais rigorosas e urgentes.
“O grande objetivo desse modelo preditivo de análise de riscos é promover a identificação precoce de casos com potencial de agravamento, destacando variáveis críticas que indiquem reincidência, escalada da violência e perfil de risco do agressor. Para isso, será realizado o mapeamento e a integração de bases de dados relevantes (policiais, judiciais, sociais e de saúde), bem como a utilização de algoritmos preditivos fundamentados em históricos de ocorrências e fatores associados a casos graves”, destacou.
O projeto será coordenado pela SSP-SC, com a participação da UFSC, das Polícias Militar, Civil e Científica, de órgãos de assistência social e saúde, do Ministério Público, do Poder Judiciário, do CIASC e de parceiros estratégicos da sociedade civil. Com a iniciativa, espera-se reduzir a reincidência de casos de violência contra mulheres, aumentar a efetividade das medidas protetivas e dar mais agilidade à resposta das autoridades policiais e judiciais.

(Fotos: Divulgação SSP)